“A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NA
ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA”
Para Motta et al. (2003), “os cuidados oferecidos pela família
constituem estratégias que favorecem o desenvolvimento humano à
medida que proporcionam amor, afeto, proteção e segurança dentro
de um espaço de inclusão e acolhimento aos filhos.”
As discussões em torno do processo de escolarização da pessoa
surda são, historicamente, bastante frequentes, principalmente no
que diz respeito à modalidade de comunicação e à língua
propriamente dita, que deverá ser considerada no processo de
letramento desses indivíduos. Também devem ser consideradas as
diferentes opiniões acerca do “lugar de escolarização” da
pessoa surda, que pode ocorrer nas escolas especiais, nas escolas
regulares ou nas escolas inclusivas.
A consequência natural de uma surdez neurossensorial, severa ou
profunda, é, sem dúvida, a não aquisição da linguagem oral, de
forma natural, pela criança. Dessa forma, a criança surda, quando
chega à escola, diferentemente da criança ouvinte, não tem a
língua oral adquirida. Via de regra, não tem língua alguma.
Colocada como algo “especial", a educação dessas
crianças vem lutando no sentido de desenvolver um processo de
letramento de qualidade e, portanto, eficaz. Ou seja, espera-se
oferecer condições para que a criança surda, no mínimo, alcance o
domínio da linguagem escrita. Muitas são as pesquisas e propostas
de trabalho. Poucos são os resultados obtidos.
O ser humano comunica-se com seus semelhantes por meio dos órgãos
dos sentidos, o que o leva a transmitir e receber mensagens dos mais
variados tipos: visuais, auditivas, táteis... Contudo, a comunicação
só se realiza plenamente com a utilização da língua. Comunicar,
portanto, é a função principal do Sistema Linguístico.
O aprendizado da Língua Portuguesa tem sido, ao longo dos anos,
a maior dificuldade para os alunos surdos. Apesar do enorme esforço
de professores e dos próprios alunos, os resultados nem sempre são
satisfatórios.
A linguagem é o lugar de interação, de constituição das
identidades, de representação de papéis e de negociação do
sentido.
No aprendizado da Língua Portuguesa ou da LIBRAS faz-se
necessário que o professor se lembre de que ambas se estruturam em
quatro níveis:
• Fonológico
• Morfológico
• Sintático
• Semântico – pragmático
O não desenvolvimento da Linguagem, oral ou de sinais, nos
primeiros anos de vida, causam danos inestimáveis na construção da
identidade e aprendizagem do surdo. Nas escolas especiais para alunos
surdos, a língua através da qual a prática educacional é
constituída vai depender da filosofia e, consequentemente, da
metodologia escolhida por cada escola.
Quando a escola opta pela filosofia oralista, a língua utilizada
é a língua portuguesa oral e escrita. A importância da Língua
Brasileira de Sinais, a LIBRAS, como suporte para o aprendizado da
língua portuguesa no processo de escolarização dos alunos surdos é
o fato de que todos os atores envolvidos no processo educacional vão
contar com um novo instrumento, a saber, o uso da LIBRAS no cotidiano
escolar. Entretanto, a aquisição e o domínio dessa língua
demandam uma série de recursos que nem sempre estão disponíveis.
Além disso, a grande maioria das famílias e dos profissionais
envolvidos com a criança surda é ouvinte e não domina a LIBRAS.
O Instrutor de Libras
O instrutor é protagonista no desenvolvimento das crianças,
pois precisa ir além de reconhecer os conhecimentos prévios dos
alunos, necessita criar um ambiente de sala de aula no qual aluno e
instrutor aprendam, troquem experiências, sugiram, testem e, juntos,
encontrem caminhos para a
aprendizagem.
A permanência do instrutor surdo em sala de aula contribui para
que os alunos construam sua própria identidade e tenham acesso ao
conhecimento através da sua língua materna, a língua de sinais. O
instrutor ouvinte, mesmo fluente na língua de sinais, não consegue
ser uma referência ao aluno surdo, diferente do instrutor surdo, que
reflete na criança a possibilidade de também conquistar seu espaço.
As entrevistas
Durante as visitas à escola, objetivando a coleta de materiais
para o desenvolvimento da dissertação, a pesquisa voltou-se para a
forma como estavam organizadas as aulas de LIBRAS e para os objetivos
nesta disciplina. A fim de observar o que é esperado das aulas de
LIBRAS, por todos os envolvidos no processo – instrutor, escola,
alunos – foi realizada com os dois instrutores de LIBRAS da escola
uma entrevista semi estruturada, partindo de onze questões
relacionadas à formação dos instrutores, às concepções de
língua, ao currículo, à escola e à aquisição da língua
materna.
Na referida instituição há dois instrutores de LIBRAS aqui
definidos como instrutor A e instrutor B. O instrutor A atua há oito
anos na área, é instrutor de LIBRAS em uma escola da região e
concluiu o ensino médio. O instrutor B atua há dois anos e meio em
escola para surdos e concluiu o curso de pedagogia.
Ao realizar seus planejamentos, ambos os instrutores não partem
dos planos de estudo da escola a fim de elaborarem os conteúdos que
serão ensinados. Ao invés disso, são realizadas reuniões
pedagógicas nas quais os instrutores de áreas afins planejam
conteúdos e atividades em grupos. Da mesma forma que essas reuniões
permitem que o instrutor não siga um cronograma engessado e
estanque, possibilitam que os conteúdos sejam adequados de acordo
com as necessidades dos seus alunos.
Quando os instrutores foram questionados acerca do que a escola
espera das aulas de LIBRAS, as respostas foram divergentes. O
instrutor A afirma que a escola lhe dá liberdade para ensinar o que
julgar mais importante; por sua vez, o instrutor B diz que a escola
espera que os alunos aprendam muito vocabulário ao longo das aulas
de LIBRAS.
A resposta do segundo instrutor, em parte, se deve ao contexto dos
alunos da escola. São alunos em geral provenientes de famílias de
baixa renda, sendo que, muitas vezes, seu único contato com a LIBRAS
é a sala de aula e a escola. Através das respostas, é possível
perceber que a escola admite que o instrutor elenque suas prio-
ridades, tendo preferência pela aquisição de vocabulário.
Em vista disso, quase a única exclusividade do que é abordado em
relação a LIBRAS é o vocabulário. Os instrutores questionados
vêem as aulas de LIBRAS como um meio importante para que os alunos
se comuniquem e compreendam melhor o mundo. O instrutor A salienta
ainda que as aulas de LIBRAS são importantes para que os alunos
observem as diferenças com a Língua Portuguesa compreendendo
melhor, dessa forma, ambas. O instrutor B acha a LIBRAS importante
para a comunicação e informação.
PLANO DE AULA
TEMA: “FIGURAS
GEOMÉTRICAS”
OBJETIVO GERAL
Possibilitar aos alunos oportunidade de ampliar o vocabulário em
Libras, por meio das Figuras Geométricas, para melhor aquisição de
conhecimentos na comunicação e apropriação da língua de sinais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-Identificar as formas geométricas básicas: quadrado, triangulo,
retângulo e circulo;
-Reconhecer os sinais de figuras geométricas por meio de figuras,
imagens e objetos;
-Observar e perceber as formas das figuras geométricas em
diferentes contextos;
-Observar a seqüência lógica das figuras geométricas.
METODOLOGIA
A aula de Figuras Geométricas planejada será desenvolvida de forma
expositiva, dialogada e prática. Apresentar aos alunos as figuras
geométricas: o quadrado, o triangulo, o retângulo e o circulo e
seus respectivos sinais, explorando o ambiente de sala de aula e
desenvolvendo atividades lúdicas (brincadeiras) e atividade escrita.
ATIVIDADES EM SALA DE AULA
1 – Identifique na cena abaixo as formas das figuras geométricas:
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2 – Escrita de palavras dos sinais apresentados
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3 – Observe as palavras em português e ligue as formas geométricas
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CÍRCULO
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RETÂNGULO
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QUADRADO
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TRIÂNGULO
4 – Atividade para casa: estudar e treinar os sinais aprendidos em
sala de aula.
Conclusão
Diante das análises, foi possível perceber que trabalhar com
alunos surdos envolve aspectos sociais e culturais que interferem
diretamente na formação do aluno surdo que vive em uma sociedade
que ainda não está preparada para recebê-lo.
Verificando a presença do instrutor de LIBRAS na formação de
alunos surdos, esse trabalho pretendeu averiguar quais os objetivos
dos instrutores de LIBRAS para suas aulas, quais conteúdos deveriam
ser ensinados e quais efetivamente são ensinados.
Os professores de surdos vivem uma experiência bem diferente de
professores de uma língua estrangeira para ouvintes. Eles estão
diante de sujeitos que não podem contar com a audição para o
desenvolvimento da aprendizagem, além de possuírem uma língua que
não é oral-auditiva e sim visual-espacial. Mediante essa
problemática, tanto pedagogos, como fonoaudiólogos e também
lingüistas têm se inclinado ao desafio de ajudar essa comunidade na
proficiência leitora e no desempenho da escrita em L2.
Referências Bibliográficas
Martins, M. A. (1996). Pré-História da Aprendizagem da Leitura.
Lisboa: ISPA
http://www.pedagogia.com.br/artigos/libras/
http://www.ouvirfazbem.com.br/funciona.asp
http://wwwviniciusgomesecuriosidades.blogspot.com/2010/10/importancia-de-estudar-libra.html
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