FUNDAMENTOS
DA EDUCACAO INCLUSIVA
“A
reorganização da escola na perspectiva da educação
inclusiva”
DESENVOLVIMENTO
- ENTREVISTA
A entrevista foi realizada com a coordenadora Elizabet Assunção da
Escola Estadual Olindamir Merlin Claudino, localizada no bairro
Nações em Fazenda Rio Grande.
1) Quantos alunos com necessidades educacionais especiais frequentam
a escola que você coordena?
Resposta: Temos seis alunos distribuídos entre os dois turnos, manhã
e tarde.
2) Quais as necessidades educacionais que eles apresentam
(deficiência física, auditiva, visual, intelectual, altas
habilidades ou condutas típicas)? Como eles estão distribuídos nas
diferentes classes e séries? Por exemplo, um aluno com surdez no 6º
ano, um com deficiência intelectual no 2º ano, e assim por diante.
Resposta: quatro alunos do turno da manhã, sendo dois portador de
deficiência intelectual parcial no 5º ano, dois portador de autismo
4º ano e dois portador no turno da tarde apresenta síndrome de down
no 2º ano.
3) A escola, a partir da inserção do(s) aluno(s) com necessidades
educacionais especiais nas classes comuns, realizou mudanças na sua
forma de organização no que se refere à organização curricular,
às práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula, aos
recursos didáticos utilizados, aos recursos e instrumentos de
avaliação, à organização do espaço, entre outros aspectos? Se
sim, descreva detalhadamente quais as mudanças que têm sido
implementadas para atender aos alunos com necessidades educacionais
especiais.
Resposta: A única mudança percebida e que logo foi realizada foi no
ambiente físico, a construção de uma rampa para receber alunos que
utilizam cadeiras de rodas, esse ano a rampa ainda não foi
utilizada, não tivemos alunos nessas condições e a rampa está
parada ao contrário do ano passado que recebemos um aluno
cadeirante.
A sala de recursos e instrumentos para manuseio dos alunos portadores
está no projeto e a Estado está providenciando. A organização
curricular, assim como às práticas pedagógicas desenvolvidas em
sala de aula continuam da mesma forma, funcionando regularmente e
pedagogicamente para o aluno comum.
4) Você, enquanto coordenador(a) da escola, realizou algum curso ou
tem recebido alguma formação específica acerca da inclusão de
alunos com necessidades educacionais especiais? Se sim, como foram
esses cursos e/ou formação? Informe, adicionalmente, se eles foram
propostos pela rede pública ou se você os procurou por iniciativa
própria.
Resposta: Tive interesse em fazer algum curso na área da inclusão,
condutas típicas (Transtornos globais do desenvolvimento humano),
porém o Estado não oferece tal curso gratuitamente. O preço é
muito alto para o professor fazer por conta própria.
5) A rede municipal ou estadual na qual você atua como
coordenador(a) conta com um setor responsável pela educação
especial? Se sim, esse setor tem promovido o apoio à inclusão,
garantindo recursos humanos, materiais e financeiros que viabilizem o
atendimento de qualidade aos alunos com necessidades educacionais
especiais nas classes comuns, tal como prevê a legislação?
Explique e dê exemplos.
Resposta: Sim temos um setor que é responsável pela contratação
de estagiários que tomavam conta dos alunos portadores de
necessidades especiais educacionais, sem nenhuma capacitação para
exercer tais tarefas e a maioria deles estudando outros segmentos não
referentes à educação, isto até o ano passado. Era um
investimento financeiro direto mas não adequada para os especiais.
6) A escola tem implementado flexibilizações e adaptações
curriculares que considerem o significado prático e instrumental dos
conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos
diferenciados tendo em vista as necessidades educacionais
apresentadas pelos alunos, tal como prevê a legislação,
especialmente o Artigo 8º da Resolução CNE/CEB nº 2/2001 (BRASIL,
2001)? Explique e dê exemplos.
Resposta: O Estado não disponibiliza de professores de apoio,
capacitados, para atender os alunos especiais, o que temos aqui são
40 alunos em sala de aula e o professor não consegue atendê-los.
Conforme mencionado na questão anterior, ainda não temos essas
contratações feitas através de concursos públicos, são apenas
estagiários, pessoas enviadas para tomar conta, dar um suporte para
o professor enquanto esses alunos estão em sala de aula. Não têm
como flexibilizar, adaptar, Instrumentalizar e ainda utilizar
metodologias e recursos diferenciados se não o temos, sem dizer que
seria impossível aplicá-los em sala com 40 alunos.
7) Como os alunos com necessidades educacionais especiais têm sido
avaliados?
Resposta: Honestamente, não têm! Como avaliar alunos especiais no
ensino regular, sem os instrumentos adequados, fora de cogitação.
Não temos materialidade para isso.
8) Os sistemas de ensino, nos termos da Lei 10.098/2000 e da Lei
10.172/2001, devem assegurar a acessibilidade aos alunos que
apresentem necessidades educacionais especiais mediante a eliminação
de barreiras arquitetônicas urbanísticas, bem como de barreiras nas
comunicações, na edificação e nos transportes escolares,
incluindo instalações, equipamentos e mobiliário, provendo, assim,
as escolas dos recursos humanos e materiais necessários (BRASIL,
2001). A escola, sob sua coordenação, está garantindo
acessibilidade aos alunos com necessidades educacionais especiais?
Explique e dê exemplos.
Resposta: A questão não é a minha escola e sim o Estado que não
disponibiliza material e professores adequados para trabalhar com os
especiais. Como fazer nos termos da lei se não temos. O transporte a
prefeitura fornece e garante a todos. Estamos aqui para trabalhar
dentro do possível, dentro do que oferecem aos professores.
9) Os professores das classes comuns da escola que você coordena
receberam alguma formação específica para atender aos alunos com
necessidades educacionais especiais? Se sim, que tipo de formação?
Tal formação foi promovida pela rede ou foi o próprio professor
que a buscou por iniciativa própria?
Resposta: Não são disponibilizados cursos para os professores.
10) Visando à organização da educação inclusiva, em sua opinião,
o que precisa ser melhorado na sua escola?
Resposta: Em relação ao aluno da educação inclusiva, tudo precisa
ser melhorado. Precisamos de professores de apoio e não de babás,
desta forma que estão fazendo. Preciso na escola de três
professores capacitados para apoio à essas crianças para ministrar
todos os conteúdos, para utilizar sala de recurso didático com suas
devidas instrumentações, materialidades (caso tenhamos), que fique
de plantão dentro da sala de aula para que o professor referência
faça uma avaliação adequada após desenvolver atividades com os
professores de apoio. Isso que necessito na escola.
2. RELATÓRIO
Após a chegada a escola fui encaminhado à sala da coordenação
pedagógica que atendeu muito bem e respondeu a todas as perguntas
sempre com um olhar e uma expressão muito desconfiada em relação a
inclusão.
Foi Constatado, por meio da entrevista e também presenciando em
sala de aula junto aos professores em que estavam os portadores de
necessidades especiais, a realidade que ao nosso ver estava muito
distante e diferente das leis formatadas até então.
A permanência na escola foi de oito horas. Verificamos todos os
detalhes relatados pela coordenadora pedagógica que eram verídicos.
Primeiro detalhe vistoriado em comum foi a rampa construída
especialmente para os incluídos e que realmente se fazia presente,
belíssima construção que até então havia sido usada por um aluno
que era totalmente paralisado no ano passado. A partir de então
verificamos também a questão da materialidade, instrumentações
que deveriam existir em uma sala de recurso inexistente na escola,
evidente que os alunos portadores de necessidades educacionais
especiais deveriam ter, já que o título que os mesmos recebem os
definem, “necessidades educacionais especiais”, a necessidade de
aulas com métodos fora dos convencionais de ensino.
Percebemos também a presença de “acompanhantes” com formação
de ensino médio com esses alunos, orientados pelos professores para
“tomar conta”, acompanhá-los aos banheiros e em seus momentos de
crise. Concluímos que os alunos especiais estão largados, de
qualquer maneira nessa escola e imaginamos que em todas outras da
rede municipal de ensino, já que a presença de professores de apoio
deveriam substituir a mão de obra dos acompanhantes e que eram
ausentes naquela rede fazendo com que o nível de qualidade
oferecida, não alcance uma educação de qualidade a seus alunos
portadores de necessidades educacionais especiais, conforme amparados
pela lei.
Referências Bibliográficas
Martins, M. A. (1996). Pré-História da Aprendizagem da Leitura.
Lisboa: ISPA
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial.
Política nacional de
educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília:
MEC/SEESP, 2007.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>.
Acesso em:
11 jan. 2011.
Excelente trabalho. Parabéns!
RispondiEliminaparabéns muito bom...
RispondiEliminaparabéns muito bom trabalho..
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