sabato 19 gennaio 2013

GRANDE SERTÃO: VEREDAS - GUIMARÃES ROSA


Aluno: Benedito M. Fagundes

GRANDE SERTÃO: VEREDAS - GUIMARÃES ROSA
1 – INTRODUÇÃO

João Guimarães Rosa, nascido em 27 de junho de 1908, em entrevista concedida ao crítico alemão Günter Lorenz em 1965. Filho de Floduardo Pinto Rosa, pequeno comerciante na cidade mineira de Cordisburgo, e de Francisca Guimarães Rosa. Primeiro dos seis filhos do casal, Rosa passou a primeira década de vida na cidade natal, região de fazendas e criação de gado. Sobre essa época, ele comentou: “Não gosto de falar em infância. É um tempo de coisas boas, mas sempre com pessoas grandes incomodando a gente, intervindo, estragando os prazeres. Recordando o tempo de criança, vejo por lá um excesso de adultos, todos eles, mesmo os mais queridos, ao modo de soldados e policiais do invasor, em pátria ocupada. Fui rancoroso e revolucionário permanente, então. Gostava de estudar sozinho e de brincar de geografia. Mas, tempo bom de verdade, só começou com a conquista de algum isolamento, com a segurança de poder fechar-me num quarto e trancar a porta. Deitar no chão e imaginar estórias, poemas, romances, botando todo mundo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas”.
Tendo aprendido as primeiras letras com mestre Candinho e francês com frei Esteves, o menino foi para Belo Horizonte em 1918, onde se matriculou no famoso Colégio Arnaldo. Na capital era freqüentador da biblioteca e estudava – por conta própria – línguas e história natural.
Ingressando na Faculdade de Medicina, manteve o interesse pela literatura. Em 1929, venceu, com o conto O Mistério de Highmore Hall, um concurso da revista O Cruzeiro, que o publicou em julho do mesmo ano. Era a estréia literária do autor, embora ainda sem o estilo que o caracterizaria.
Como dominava diversos idiomas, decidiu, ainda em 1934, prestar concurso para o Itamaraty. Passou em segundo lugar, ingressando na carreira diplomática. Em 1936, seu livro de poemas Magma (que permaneceria inédito, por vontade do autor, por mais de 60 anos, sendo publicado apenas em 1997) foi premiado pela Academia Brasileira de Letras.
Finalmente, em 1967, decidiu marcar a cerimônia de posse, escolhendo a data do aniversário de seu antecessor: 16 de novembro. Em seu discurso, além de homenagear Fontoura,evocou a Codisburgo natal. Na ocasião fez o que pareceria ser uma despedida premonitória, dizendo: “a gente morre é para provar que viveu.(...) As pessoas não morrem, ficam encantadas”. Vitimado por um enfarte, Guimarães Rosa encantou-se três dias depois, em 19 de novembro. (Discutindo Literatura – Especial –Ano 1, nº4 – pág. 07 a 11 - Editora Escala Educacional)


      1. DESENVOLVIMENTO (resumo)

“Um fazendeiro de nome Riobaldo, às margens do rio Urucuia, recebe um visitante da cidade, e lhe conta a história da sua vida. Foi chefe de jagunços; tomou parte numa das grandes guerras entre os bandos armados que percorriam o sertão. Entrou para as lutas sertanejas acompanhando as forças de polícia que perseguiam os bandos, sob o comando de Zé Bebelo. Depois passou para o outro lado, sob a chefia de Joca Ramiro, que derrota e aprisiona Bebelo. Mas Ramiro é assassinado por dois de seus substitutos, Hermógenes e Ricardão. A partir daí a narração conta a longa história da vingança contra os dois traidores. Chefes se sucedem no comando dos vingadores, sem sucesso, entre eles o próprio Zé Bebelo. Finalmente, Riobaldo assume a chefia, depois de procurar fazer um pacto com o Diabo, para derrotar Hermógenes, que tinha fama de pactário. Neste percurso, dividido entre vários amores, Riobaldo se descobre apaixonado por seu companheiro de lutas, Diadorim, que conheceu quando menino, o que o perturba muito. Ao final, Riobaldo consegue derrotar Hermógenes, mas perde Diadorim, enquanto seu grande segredo se revela. Rememorando sua vida, Riobaldo se interroga continuamente sobre a existência do Diabo, e se de fato fez o pacto. Único romance de Guimarães Rosa e um dos livros mais importantes da literatura brasileira, Grande sertão: veredas foi publicado em 1956.” (AGUIAR, 2006, p. 136)

2.1. ESTRUTURA DA NARRATIVA
I - TEMPO
Psicológico: A narrativa é irregular (enredo não linear), sendo acrescidos vários casos pequenos.
II - FOCO NARRATIVO
Primeira pessoa - narrador-personagem - utilizando-se do discurso direto e indireto livre.
III - ESPAÇO
A trama ocorre no sertão mineiro (norte), sul da Bahia e Goiás. No entanto, por se tratar de uma narrativa densa, repleta de reflexões e divagações, ganha um caráter universal - "o sertão é o mundo".
2.2. SOBRE A OBRA

A polêmica em relação à obra de Guimarães Rosa cresce com a publicação de Grande sertão: veredas. O romance não se enquadrava nos paradigmas ficcionais da época – era um longo monólogo de 596 páginas, sem capítulos ou divisões internas, sem prólogo ou algum tipo de introdução: começava em plena ação: “-Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja”.
O travessão que inicia a fala de Riobaldo não é apenas um recurso gráfico: é um dado semiótico importante. Significa que houve uma pergunta anterior, para sempre desconhecida, desencadeadora de toda a narrativa.
A partir desse pequeno dado – o uso de um travessão – Rosa subverte a técnica narrativa do romance, que é na verdade um diálogo. A história é contada para alguém de fora, que pode ser um duplo do próprio Rosa, um doutor, cuja voz não é transcrita no romance. Apenas suas marcas são evidentes na fala do próprio narrador: “O senhor aprova?”; “O senhor não acha? Me declare franco, peço. Ah lhe agradeço.”.
Interlocutor oculto, cujas falas são apenas refletidas, é um fiador da verossimilhança do romance, isto é, de sua possibilidade de existência: um narrador sertanejo, ex-jagunço e atual fazendeiro, conta a um doutor da cidade que, por sua vez, será o responsável pela transcrição do romance: “Campos do Tamanduá-tão – o senhor aí escreva: vinte páginas...”.
A própria narrativa se duplica e se transforma: afinal quem é o responsável pela história? O narrador ou quem fez a transcrição? Por isso, ganha importância o signo final do romance, a lemniscata, símbolo do infinito. A lemniscata é apenas um laço, que pode fechar ou abrir o romance, possibilitando a colocação de novos travessões e de várias respostas, prolongando a conversa. Por outro lado, a transcrição da narrativa indica que não há uma relação de verdade da narração de Riobaldo com os fatos acontecidos (a história do mundo, externa) nem da narrativa transcrita pelo interlocutor com a história contada por Riobaldo: “Ah, mas falo falso. O senhor sente? Desmente? Eu desminto. Contar é muito, muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas – de fazer balance, de se remexerem dos lugares. O que eu falei foi exato? Foi. Mas teria sido? Agora, acho que nem não”.
Grande sertão: veredas consubstancia-se na fala de Riobaldo, velho jagunço que, tendo superado as agruras da guerra e os conflitos do amor, se empenha em entender o descontrole de sua vida, donde resulta o desejo de vincular o próprio destino às leis gerais do grupo e do universo. Assim, ele investiga não só o seu passado de guerreiro, mas também a natureza da alma, de Deus e do inferno. (Discutindo Literatura – Especial –Ano 1, nº4 – pág. 16 a 19 - Editora Escala Educacional)

3 RECEPÇÃO CRÍTICA

Com o lançamento de “Grande sertão: veredas” houve grande impacto no cenário literário brasileiro. O sucesso do livro, logo traduzido para diversas línguas, foi devido, especialmente, às inovações formais. Tornou-se um sucesso comercial, e recebeu três prêmios nacionais: o Prêmio Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro, em 1961; o Prêmio Carmem Dolores Barbosa, de São Paulo, em 1957; e o Prêmio Paula Brito, do Rio de Janeiro. A publicação fez com que Guimarães Rosa encabeçasse a lista tríplice, composta por Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto, como os melhores romancistas da terceira geração modernista brasileira.
Sabe-se que Rosa não gostava de críticas desfavoráveis, colando-as em seus álbuns de recortes de cabeça para baixo; e também se sabe que, em  conversa com seu tradutor alemão Günter Lorenz, em 1965, Rosa reclamou da incompetência e da falta de respeito dos críticos em relação à sua obra e afirmou: “o bom crítico, ao contrário, sob a bordo da nave como timoneiro”.
Essa expectativa fez com que o autor inserisse elementos cifrados em sua obra, para que os leitores ou críticos os descobrissem posteriormente, ou informasse coisas que poderiam passar despercebidas.

4. FRAGMENTOS DE “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”
4.1 RIOBALDO
- “O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”
- “Tudo o que foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito. Eu penso é assim, na paridade. O demônio na rua... Viver é muito perigoso: e não é não. Nem sei explicar estas coisas. Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor”.
- “O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”
- “O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo.”
4.2 DIADORIM
- “Relembro Diadorim. Minha mulher que não me ouça. Moço: toda saudade é uma espécie de velhice”.
- “Meu corpo gostava de Diadorim. Estendia a mão para suas formas; mas, quando ia, bobamente, ele me olhou – os olhos dele não me deixaram. Diadorim, sério, testalto. Tive um gelo. Só os olhos negavam. Vi – ele mesmo não percebeu nada. Mas, nem eu; eu tinha percebido?”
- “Eu tinha recordação do cheiro dele. Mesmo no escuro, assim, eu tinha aquele fino das feições, que eu não podia divulgar, mas lembrava, referido, na fantasia da ideia”.
- “Diadorim é a minha neblina”.
4.3 DIABO
- “Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo”.
- “O pacto nenhum – negócio não feito. A prova minha, era que o Demônio mesmo sabe que ele não há, só por só, que carece de existência. E eu estava livre limpo de contrato de culpa, podia carregar nomina; rezo o bendito!”
- “Olhe: o que devia de haver era de se reunirem-se os sábios, políticos, constituições gradas fecharem o definitivo a noção – proclamar por uma vez, artes assembléias, que não tem diabo nenhum, não existe, não pode. Valor de lei! Só assim, davam tranqüilidade boa à gente. Por que o Governo não cuida?!”
4.4 BATALHA
- “Mas que o inimigo já estava aproximado, eu pressenti: se sabe, pela aperreação do corpo, como que se querendo ter mais olhos; e até no que-é do arraigado do peito, nas cavas, nas tripas”.
- “Carece de ter coragem... Carece de ter muita coragem...”
- “Vi: o que guerreia é o bicho, não é o homem”.
- “Agora eles estavam arrumando o mundo de outra maneira. Tudo se media munição, e era fuzil e rifle se experimentando. A guerra era de todos”.
(Grande Sertão: Veredas – 29ª Edição – Editora Nova Fronteira)
5. CONCLUSÃO
O presente trabalho é uma analise sobre o livro “Grande sertão: veredas”, moderno romance brasileiro e obra prima de João Guimarães Rosa. O objetivo é explicitar, interpretar e também debater a multiperspectiva narrativa proveniente das inúmeras indagações e reflexões, características complexas da estrutura de Riobaldo, narrador-protagonista do enredo; assim como tmabém um resumo da vida de Guimarães Rosa, o uso da palavra em suas mais diversas nuances, a filosofia latente e a beleza poética presentes nas páginas de “Grande sertão: veredas”
Mas como acontece com toda literatura regional que ultrapassa a simples descrição para situar-se no plano da arte, ela adquire dimensões universais pelo vigor e beleza do texto. Nada mais natural: sendo o homem o tema de toda grande literatura, são os elementos básicos da condição humana que, em última análise, encontramos em Grande sertão: veredas, no que ela tem de mais fundamental: o amor, a morte, o sofrimento, o ódio, a alegria.
Interatividade com o curso de arte:
A importância está na riqueza e interatividade que a arte tem com outras disciplinas inclusive com um livro como este, histórico, ou seja baseado em fatos reais. Seria importante todos os professores terem acesso a esta obra maravilhosa.
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O livro coloca-nos a par de uma realidade histórica. É muito importante termos a mente e o espírito abertos para podermos aprender com a história e,assim oferecermos aos alunos da rede pública um ensino de qualidade e integração no ambiente escolar.
6. Referências Bibliográficas:
ARRIGUCI JR., Davi. O mundo misturado: romance e experiência em Guimarães Rosa. Novos estudos CEBRAP, São Paulo, no 40, p. 7-29, Nov. 1994.
  • BOLLE, Willi. grandesertão.br: o romance de formação do Brasil. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2004, p.
  • CANDIDO, Antonio. "O homem dos avessos". Em: Tese e Antítese. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006.
  • COUTINHO, Eduardo. Em busca da terceira margem: ensaios sobre o Grande sertão: veredas. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1993, p.61-70.
  • COUTINHO, Eduardo. (Org.) Guimarães Rosa. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. (Coleção Fortuna Crítica)
  • DUARTE, Lélia Parreira; ALVES Maria Theresa Abelha. (Org.) Outras margens: estudos sobre a obra de Guimarães Rosa. Belo Horizonte: Autêntica/ PUC Minas, 2001, p. 317- 330.
www.portalsaofrancisco.com.br
http://vestibular.uol.com.br/ultnot/livrosresumos/ult2755u13.jhtm Consultado em 17de Dezewmbro de 2012, às 16:00.

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